Monday, April 30, 2007

Cirque Intraveineuse





ESGOTADO!! SOLD OUT!!

Edição serigrafada a quatro cores sobre três
papéis de cores diferentes.
Edição ultra-limitada a 35 exemplares.
Tamanho A5
24 páginas
2007
Francis Laporte Éditeur (França)

mais informações aqui.

/Four colour silkscreened book on three different
coloured papers.
Ultra-limited edition of 35 copies.

Size A5
24 pgs
2007
Francis Laporte Éditeur (France)

more informations here.

feedback:
(...) 1. Do livro como objecto artístico
Cirque Intraveineuse é um livro totalmente feito em serigrafia
(tal como já acontecera com Tribune Brute), o que faz de cada
exemplar uma espécie única, na medida em que a espessura das
tintas, a sua capacidade de se infiltrarem na porosidade do papel
e a força e modo de aplicação nunca são exactamente iguais em cada
impressão. Esta descrição, para além do seu propósito mais primordial
(ou seja, o de fornecer alguns elementos que possam enquadrar os
objectos de que se fala), ajuda a definir uma das características
essenciais (...) a sua manufactura. A condição de livros parcialmente
elaborados pelo próprio autor (digo parcialmente, na medida em que
pelo menos uma máquina policopiadora teve a sua
participação), que recorre a uma intervenção directa em todo o processo
de manufactura, prescindindo do habitual modelo em que um suporte
informático é entregue a uma gráfica para que o transforme em livro
impresso industrialmente, é a primeira especificidade (...) assim
transformadas em objecto-livro, com cada exemplar individualizando-se
sob a acção directa do seu autor. Não estamos, por isso, na presença de
conteúdos verbais, gráficos e visuais que nos foram apresentados sob
uma determinada forma, mas que poderiam ser transpostos para uma
outra sem que com isso perdessem ou ganhassem mais do que a mera
harmonia (ou desarmonia) visual que um outro design lhes pudesse
imprimir, mas antes na presença de um objecto global, cuja forma se
apresenta como parte intrínseca e inexpugnável do seu conteúdo.
Passar estes livros por um scanner, por muito potente que fosse,
e editar o resultado dessa digitalização em, digamos, off-set, seria o
mesmo que imprimir as fotografias dos quadros de Francis Bacon
(o exemplo é aleatório, claro) e considerar essas impressões,
independentemente da sua possível qualidade, do mesmo modo
que os quadros.

2. Do desenho como contaminação do espaço
Os livros de André Lemos, já o sabíamos, não se prestam a leituras
óbvias, arrumadas pela segurança da sequencialidade esperada no
voltar das páginas. Nesse sentido, a forte consciência do incómodo é a
certeza primeira com que nos deparamos quando tentamos uma
abordagem de leitura organizada e crítica. Sem sequência narrativa
perceptível e sem uma lógica imediatamente identificável que nos
salve do caos, restam as composições visuais, frequentemente incluindo
elementos gráfico-verbais, as manchas de tinta que se espalham no papel,
contaminando cada poro da celulose num caminho de significações várias
(os ‘vírus’ ou ‘fungos’ de que falou Pedro Vieira de Moura num texto sobre
o autor, publicado no catálogo do Festival de Beja), e as diferentes equações
narrativas que podem construir-se (porque não são um dado, à partida)
a partir de cada imagem.
Cirque Intraveineuse é, assim, uma sucessão de imagens que tanto
parecem apontar um caminho previamente consciente como resultar de
uma espécie de automatismo no gesto de espalhar a tinta pela página.
E os nexos de leitura que se abrem estão, do mesmo modo, nesse eixo que
cruza a apreensão consciente dos elementos da página, sob a égide do título
(que fornece caminhos possíveis), com o deambular mental sem demasiados
a priori.
Sara Figueiredo Costa